NOITE
Marlene Constantino Parece inerte a noite, largada em seu abandono, mas não é. Faz do silêncio, extremo, um espanto. Mata-me a calma. Sombras revivem, assombrando a memória, semeando trevas e aflições. Ah noite saia por esta porta afora não acorde os mortos, nem meus sentimentos adormecidos. Não me jogue na cara a flor que não posso colher. Não mine meus olhos de orvalho, nem afague os meus desenganos. E, se voltar seja branda comigo, traga-me o luar, o perfume da brisa. Faça de suas asas o meu descanso e abrigo. Meu peito não mais apetece esta dor que ora me espreita e amedronta. não, não mais será minha. Quero sorrir e cantar até que um dia o tempo se encurte e a espera se finde. 05/06/2010
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