Dele vos
falo!
Eugénio de Sá ( o seu auto-retrato poético ) Esfíngico olhar frontal, sempre apontado À frieza granítica, indiferente Que aloja o coração de tanta gente Pra vis interesses mais vocacionado. De fronte alevantada pla razão Que lhe julga assistir, de julgador Aponta o hirto dedo acusador Aos que de humanos são aberração. Não se afunda o seu punho redentor No peito de quem seja, mas a pena Não se exime a contar quanto é pequena Cada alma perdida em desamor. O ser que de si mesmo assim verseja É dado à reflexão, nela se atém Ama da vida o mais que a vida tem Nele campeiam quereres que ainda almeja. E tem por mores valores, o do amor, E o solidário crer numa justiça Que, sem peias, condene os que à cobiça Se apegam, embuçados de candor. A liberdade, tão querida e aspirada A que dá asas a cada humano ser Tem no poeta o dom de o comover Se a vê plo despotismo coartada. Santo não é, que santos estão nos céus Mas manda nele vontade de sentir Que outros tempos virão, outro porvir Mais de acordo c’o espírito de Deus. E aqui o tendes na sua pequenez, o que lhe ferve o amor em turbilhão numa instante ansiedade, uma avidez de a todos abraçar, como um irmão. E enquanto lhe assistir a lucidez E terno lhe pulsar, no peito, o coração Os seus versos terão a mesma calidez Que mostra no estender da sua mão. Pra muitos, ele é o dono dos versos de espuma, o asceta de um nobre e bem amado Portugal. Mas, em boa verdade, ele é alguém que não é daqui, nem de parte nenhuma. Sua alma de poeta - porque universal - tem a deriva que o vento dá à escuna! Sintra, 25 de Março de 2014 Copyright©2014 ArtedesignerMenezes® webdesignerCandySaad® Todos direitos reservados |