Cantiga d’amor
( poesia medieval )
Por sua dama
Eugénio de Sá
Senhora de mil encantos
Se de vós eu me apartasse
Perder-me-ia entre tantos
Sem ter quem me procurasse
Aberto o meu coração
Podeis, senhora, entender
Que vos basta um simples não
P’ra ele deixar de bater
Não seria mais aquele
Que vos busca um só olhar
Pois é vosso mais que dele
O dom que o faz respirar
E ele, senhora, não sabe
Outras formas d’afirmar
Que neste peito não cabe
Mais espaço p’ra vos amar
Mas se um sim eu recolher
E com ele vosso sorriso
Senhora, bem podeis crer
Que mais não será preciso
Sentir-me-ei venturoso
De mim não carecem ter
Penas d’alma, pois garboso
Sempre pelejar vou querer;
Na minha lança, orgulhoso
Mostrarei em cada justa*
Que o vosso lenço vistoso
A vitória torna fausta!
*Combate à lança entre dois cavaleiros medievais
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