DOIS EM UM


Sá de Freitas


Teu olhar traz-me a mansidão de um riacho
E as profundezas do Oceano;
Os mistérios do Espaço
E a transparência do cristal.

A tepidez dos teus lábios,
Sopra-me um hálito gostoso,
Como a brisa a chegar da mata,
Com sabor de mel
E perfume de flores.

Na serenidade do teu sorriso,
Perco-me e me reencontro,
Porque nele parece que escuto
O falar do silêncio
E o dizer do nada, revelando-me tudo.

No invisível do que existe, além do visível,
Pressinto o ruído dos teus pés,
Acompanhando-me os passos,
Na rua da tua ausência.

Tudo o que és, meu íntimo sabe
E o que não és, meu coração sonha.
No "não dizer" da tua boca,
Compreendo o incompreendido,
Porque a metade do teu "eu"
Completa-se no meu.

Busca-me no teu íntimo e me encontrarás,
Como te encontro nas fibras do meu ser...
Pois somos duas almas em um só corpo;
Dois corpos em uma só alma;
Dois corações em um só peito,
Que não cessam de bater
Cheios de amor.


Samuel Freitas de Oliveira
Avaré-SP-Brasil

 

 

 

 

 

 

 

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